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TECNOLOGIAS
PARA TRATAMENTO DE ESGOTOS SANITÁRIOS
No campo de tecnologias para o tratamento de esgotos sanitários,
a escolha entre as diversas alternativas disponíveis é ampla e depende de
diversos fatores, dentre eles, podem ser citados:
-
Área
disponível para implantação da ETE;
-
Topografia
dos possíveis locais de implantação e das bacias de drenagem e
esgotamento sanitário;
-
Volumes
diários a serem tratados e variações horárias e sazonais da vazão de
esgotos;
-
Características
do corpo receptor de esgotos tratados;
-
Disponibilidade
e grau de instrução da equipe operacional responsável pelo sistema;
-
Disponibilidade
e custos operacionais de consumo de energia elétrica;
-
Clima
e variações de temperatura da região;
-
Disponibilidade
de locais e/ou sistemas de reaproveitamento e/ou disposição adequados dos
resíduos gerados pela ETE.
O tratamento de esgotos pode ser dividido em níveis de acordo com o grau de
remoção de poluentes ao qual se deseja atingir. O tratamento preliminar
destina-se a remoção de sólidos grosseiros em suspensão ( materiais de
maiores dimensões e o sólidos decantáveis como areia e gordura). São
utilizados apenas mecanismos físicos (gradeamento e sedimentação por
gravidade) como método de tratamento. Esta etapa tem a finalidade de proteger
as unidades de tratamento subseqüentes e dispositivos de transporte como por
exemplo bombas e tubulações, além de proteção dos corpos receptores quanto
aos aspectos estéticos. O tratamento primário além dos sólidos
sedimentáveis remove também uma pequena parte da matéria orgânica,
utilizando-se de mecanismos físicos como método de tratamento. O tratamento
secundário, geralmente constituído por reator biológico, remove grande parte
da matéria orgânica, podendo remover parcela dos nutrientes como nitrogênio e
fósforo. Os reatores biológicos empregados para essa etapa do tratamento
reproduzem os fenômenos naturais da estabilização da matéria orgânica
que ocorreriam no corpo receptor. O tratamento terciário, nem sempre
presente, geralmente constituído de unidade de tratamento físico-químico, tem
como finalidade a remoção complementar da matéria orgânica, dos nutrientes,
de poluentes específicos e a desinfecção dos esgotos tratados.
De acordo com
a área, com os recursos financeiros disponíveis e com o grau de eficiência
que se deseja obter, um ou outro processo de tratamento pode ser mais adequado.
A estimativa de eficiência esperada nos diversos níveis de tratamento
incorporados numa ETE podem ser avaliadas no Quadro I.
Quadro
I – Estimativa da eficiência esperada nos diversos níveis de tratamento
incorporados numa ETE.
Tipo
de tratamento
|
Matéria
orgânica
(% remoção de DBO)
|
Sólidos
em suspensão
(% remoção SS)
|
Nutrientes
(% remoção nutrientes)
|
Bactérias
(% remoção)
|
Preliminar
|
5
– 10
|
5
–20
|
Não
remove
|
10
– 20
|
Primário
|
25
–50
|
40
–70
|
Não
remove
|
25
–75
|
Secundário
|
80
–95
|
65
–95
|
Pode
remover
|
70
– 99
|
Terciário
|
40
- 99
|
80
– 99
|
Até
99
|
Até
99,999
|
Fonte:
(CETESB, 1988)
Algumas das principais tecnologias utilizadas para tratamento de esgotos sanitários
estão descritas nos ítens apresentados nos demais arquivos.
INDICADORES
AMBIENTAIS
ANÁLISE
AMBIENTAL DAS TECNOLOGIAS
As tecnologias utilizadas no processo de tratamento de esgotos sanitários devem
ser analisadas tomando-se como base determinados parâmetros definidos pelos
princípios da sustentabilidade, sob o ponto de vista econômico, social e ecológico.
Como cada indicador de sustentabilidade depende de uma série de fatores
particulares, optou-se por analisá-los separadamente, verificando a influência
destes fatores na quantificação final da sustentabilidade de uma ETE. A relação
apresentada a seguir define os parâmetros selecionados para a avaliação e
comparação das tecnologias:
Área
ocupada pela ETE - Este parâmetro depende da vazão nominal a ser tratada e
da tecnologia empregada para o tratamento. Para a comparação das tecnologias
quanto à área ocupada pela ETE é conveniente analisar a relação entre a área
necessária e o número de habitantes atendidos. Desta forma, ao se comparar
dois ou mais processos de tratamento, será mais viável aquele que apresentar o
menor valor para essa relação.
ocupada pela ETA.
Custo de implantação - Deve-se
considerar que, na maioria das vezes, os recursos financeiros disponíveis são
limitados, principalmente em algumas regiões brasileiras. Assim quanto mais
baixo o custo, maior será a oportunidade de implantação. O custo varia de
acordo com a tecnologia escolhida, o grau de automação desejado, a vazão
tratada e a eficiência desejada para o tratamento. Para quantificar este parâmetro
foi estabelecida a relação entre o custo e o número de habitantes
atendidos.
Potência instalada - A potência instalada em
um sistema de tratamento de esgotos sanitários é função do tipo de
tecnologia escolhida, da carga orgânica dos esgotos a serem tratados e da vazão
nominal do sistema. Outros fatores como a produção e tipo de tratamento dos
lodos gerados pelo sistema são importantes. Para a avaliação numérica deste
parâmetro estabeleceu-se a relação entre a potência dos equipamentos
eletro-mecânicos instalados e o número de habitantes atendidos.
Consumo de energia - O consumo de energia elétrica
é fator de grande importância no custo operacional do sistema. Depende da potência
instalada e do período de funcionamento dos equipamentos. A avaliação deste
parâmetro será feita pela relação entre o consumo anual de energia elétrica
e o número de habitantes atendidos.
Produção de lodo - Constitui-se num dos
fatores de maior importância nos custos de operação do sistema. Depende
fundamentalmente do tipo de tecnologia empregado, da carga orgânica, grau de
eficiência desejado e vazão tratada. Será avaliado pela relação entre a
massa de sólidos produzida e o número de habitantes atendidos.
Remoção de nutrientes - A presença de
nutrientes como nitrogênio e fósforo nos esgotos tratados pode constituir-se
em fator de grande importância na eutrofização dos corpos de água
receptores. Sua remoção, geralmente é feita em unidades de tratamento
complementares do processo ou através de estratégias operacionais específicas
para essa finalidade, e, assim, constitui-se em fator interferente nos custos de
implantação e operação do sistema. Será avaliado individualmete para cada
parâmetro, classificando-se como alta, remoções superiores a 80%; média,
entre 50 e 80% e baixa, para valores inferiores a 50%.
Eficiência e confiabilidade do sistema - O
processo de tratamento deve garantir a eficiência desejada e os padrões de lançamento
ao corpo receptor. Este
indicador depende da freqüência de análises realizadas para verificação
da eficiência do processo e será avaliado pela porcentagem de amostras que
respeitem aos padrões de lançamento.
Simplicidade operacional - É fundamental para o
bom funcionamento da estação de tratamento que o sistema seja de fácil
manutenção e controle. A simplicidade operacional depende fundamentalmente da
tecnologia empregada no tratamento e dos equipamentos incorporados no sistema.
Em geral, quanto maior a automação na operação do sistema menor o risco.
Deve-se ressaltar que o grau de automação da ETE está diretamente relacionado
aos recursos financeiros disponíveis para a sua construção. Como indicador
numérico foi adotada a relação entre o número de funcionários necessários
e o número de habitantes atendidos.
Vida útil - A vida útil de uma ETE depende da
manutenção, da fiscalização do processo construtivo e da variação das
condições ambientais interferentes. Este parâmetro é avaliado pelo número
de anos em que a estação de tratamento cumpre com a eficiência necessária à
vazão de esgotos geradas pela população atendida.
Para
que se possa comparar as diferentes tecnologias utilizadas no processo de
tratamento de esgotos sanitários, os parâmetros foram definidos de modo a
permitirem o estabelecimento de valores numéricos. O Quadro II apresenta os parâmetros,
suas formas de avaliação e unidades adotadas.
Quadro II - Parâmetros, formas
de avaliação e suas unidades utilizados para ETEs.
PARÂMETRO
|
FORMA
DE AVALIAÇÃO
|
UNIDADE
|
Área
ocupada pela ETE
|
área ocupada pela ETE
no de habitantes atendidos
|
m2/hab
|
Custo
de implantação
|
Custo
.
no de habitantes atendidos
|
R$/hab
e/ou US$/hab
|
Potência
instalada
|
Potência instalada .
no de habitantes atendidos
|
Kw/hab
|
Consumo
de energia
|
Energia
elétrica consumida por ano
no de habitantes atendidos
|
Kwh/hab.ano
|
Produção
de lodo
|
Lodo produzido por dia .
no de habitantes atendidos
|
gSST/hab.dia
|
Remoção
de Nutrientes
|
Nitrogênio
e Fósforo
|
alta
(> 80%)
média (50 a 80%)
baixa (< 50%)
|
Eficiência
e confiabilidade do sistema
|
no
de amostras fora do padrãox1000
no total de amostras
|
adimensional
|
Simplicidade
Operacional
|
no
de funcionários x 1000
no de habitantes atendidos
|
adimensional
|
Vida
útil
|
Número
de anos em que a ETE cumpre a vazão nominal
|
Anos
|
Nos quadros abaixo pode-se observar alguns indicadores citados na literatura.
Quadro
III – Áreas necessárias para tratamento de esgotos por sistemas de lagoas
des estabilização.
População
(número de habitantes)
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
10000
15000
20000
50000
|
Área necessária (m2)
Lagoa anaeróbia + facultativa
Lagoa facultativa unicelular
2260
2600
3390
3900
4520
5200
5650
6500
6780
7800
7910
9100
9040
10400
10170
11700
11300
13000
22600
26000
33900
39000
45200
52000
113000
30000
|
Critério
|
1,74
m2 / hab + 30% = 2,26
2,00 m2 / hab + 30% = 2,60
|
Fonte: (CETESB, 1988)
Quadro
IV – Áreas e volumes estimados requeridos no tratamento
de esgotos domésticos por reatores anaeróbios de fluxo ascendente.
População
(hab)
|
Área
(m2)
|
Volume
(m3)
|
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
10000
15000
20000
50000
100000
|
7,5
11,3
15,0
18,8
22,5
26,3
30,0
33,8
37,5
75,0
112,5
150,0
375,4
750,0
|
25,0
37,5
50,0
62,5
75,00
87,5
100,0
112,5
125,0
250,0
375,0
500,0
1250,0
2500,0
|
Valores
per capita
|
0,0075
m2 / hab
|
0,0250
m3/hab
|
Fonte: (CETESB, 1988)
Quadro
V – Comparação entre tratamento por lagoas de aeração e digestor anaeróbio
de fluxo ascendente.
Características
|
Lagoa
facultativa unicelular
|
Lagoa
anaeróbia + lagoa facultativa
|
Reator
anaeróbio de fluxo ascendente
|
Área
necessária para a implantação
|
Grande
|
Grande
Muito
|
pequena
|
Custo
investimento por hab.(*)
|
Pequeno
|
Pequeno
|
Pequeno
|
Custo
de operação e manutençã
|
Muito
pequeno
|
Muito
pequeno
|
Pequeno
|
Confiabilidade
|
Muito
grande
|
Muito
grande
|
Grande
|
Necessidade
de mão-de-obra para a operação
|
Eventual,
não especializada
|
Eventual,
não especializada
|
Constante,
não especializada
|
Requerimento
de energia para a operação
|
Não
requer
|
Não
requer
|
Não
requer
|
Produção
de lodo a ser disposto
|
Não
|
Não
|
Sim
|
Potencial
de reaproveitamento de subprodutos
|
Sim
|
Sim
|
Sim
(biogás)
|
Remoção
de matéria orgânica
|
Muito
grande
|
Muito
grande
|
Grande
|
Remoção
de nutrientes
|
Pode
remover algum
|
Pode
remover algum
|
Não
remove
|
(*): Não
inclui o custo do terreno.
Fonte: (CETESB, 1988)
Através dos Quadros III - referente as áreas necessárias para
tratamento de esgotos por sistemas de lagoas de estabilização - e IV -
referente as áreas e volumes estimados requeridos no tratamento de esgoto doméstico
por reatores anaeróbios de fluxo ascendente, pode-se constatar que a área
requerida para uma lagoa de estabilização é bastante superior a requerida por
um digestor anaéróbio.
Outros
indicadores apresentados no Quadro II também podem ser encontrados na
literatura como por exemplo a produção de lodo , remoção de nutrientes e
outros presentes no Quadro IV - que compara algumas opções de lagoas de
estabilização e o sistema de digestor anaéróbio de fluxo ascendente
para o tratamento de esgotos de pequenas comunidades.
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